Por Gauchazh Click RBS
Aneel aprova aumento de cobrança máxima de bandeira tarifária de R$ 3,50 para R$ 5 a cada 100 kWh
Reajuste de 42,8% do patamar 2 da bandeira vermelha valerá já para o mês de novembro
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (24) um aumento de 42,8% para o valor do patamar 2 da bandeira tarifária vermelha. A medida já entra em vigor para o que for consumido em novembro – caso a bandeira de novembro se mantenha vermelha em patamar 2. A partir do reajuste, a taxa extra cobrada quando esta bandeira estiver vigorando passará de R$ 3,50 para R$ 5,00 a cada 100 kWh consumidos.
O sistema das bandeiras tarifárias vai passar a levar em conta o risco hidrológico, um dos problemas que causam um custo bilionário ao sistema elétrico. Atualmente, a metodologia leva em conta apenas o preço da energia no mercado de curto prazo (PLD).
Nessa nova proposta, a bandeira verde vai continuar da forma como está, sem taxa extra. Na bandeira amarela, a taxa extra será de R$ 1 a cada 100 quilowatt-hora (kWh) consumidos . Hoje, a bandeira amarela tem adicional de R$ 2 a cada 100 kWh.
No primeiro patamar da bandeira vermelha, o adicional será de R$ 3 a cada 100 kwh, mesmo valor do sistema atual. E no segundo patamar da bandeira vermelha, a cobrança será de R$ 5 a cada 100 kWh, bem maior que a atual, de R$ 3,50 a cada 100 kWh.
Nesse novo modelo, bandeira verde será acionada quando não houver déficit hídrico, ou seja, quando as usinas hidrelétricas estiverem em condições de entregar sua garantia física, produzindo toda a energia que vendem em contrato. Quando houver risco hidrológico, a aplicação da bandeira vai depender de uma relação entre o nível de risco hidrológico e o custo da energia no mercado de curto prazo (PLD).
COMO FICA A CONTA COM A MUDANÇA
Bandeira verde– Permanece sem cobrança adicional
Bandeira amarela – Cai de R$ 2 para R$ 1
Bandeira vermelha – Permanece em R$ 3
Bandeira vermelha (patamar 2) – Sobe de R$ 3,50 para R$ 5
* Valores cobrados a cada 100 KWh de consumo
SIMULAÇÕES
Conta de 100 KWh
Valor normal (bandeira verde): R$ 74,33
Bandeira amarela: R$ 75,33
Bandeira vermelha: R$ 77,33
Bandeira vermelha (patamar 2): R$ 79,33
Conta de 300 KWh
Valor normal (bandeira verde): R$ 223
Bandeira amarela: R$ 226
Bandeira vermelha: R$ 232
Bandeira vermelha (patamar 2): R$ 238
Conta de 500 KWh
Valor normal (bandeira verde): R$ 371,67
Bandeira amarela: R$ 376,67
Bandeira vermelha: R$ 386,67
Bandeira vermelha (patamar 2): R$ 396,67
Fonte: CEEE e ANEEL
O modelo atual das bandeiras tarifárias é muito influenciado pelas chuvas que ocorrem na última semana do mês. Segundo ele, isso leva a equívocos, pois uma chuva mais intensa pode reduzir a taxa que é cobrada nas contas de luz, ainda que ela não seja suficiente para recuperar os reservatórios das hidrelétricas.
Essa nova sistemática considera 95% dos cenários hidrológicos conhecidos e despreza os 5% piores. Embora seja aplicado de forma antecipada, o modelo ficará aberto em audiência pública por 45 dias, entre 26 de outubro e 11 de dezembro. As contribuições à proposta também ficarão em audiência pública, por 15 dias, entre 12 de dezembro e 27 de dezembro. O modelo, portanto, poderá mudar e ser aperfeiçoado.
O risco hidrológico tem causado déficits na conta das bandeiras tarifárias. Segundo o diretor da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Aneel), Marco Delgado, o descompasso financeiro das distribuidoras deve atingir R$ 3,5 bilhões até setembro. Até o fim deste ano, o déficit será de R$ 6 bilhões.
O dinheiro das bandeiras serve para que as concessionárias possam pagar o custo da compra de energia. Esse descompasso ocorre porque o valor da energia está muito mais alto do que o previsto nas tarifas e no sistema de bandeiras, o que deve levar a reajustes anuais elevados em 2018.